Uma palavra pessoal
Olá pessoas queridas,
Terminado um encontro como o II SIMPÓSIO BRASILEIRO DE JUSTIÇA RESTAURATIVA, vem logo o afã de se sair contando o que aconteceu.
Vou decepcioná-los um pouco porque o máximo que conseguimos, passados os dias de deixar baixar a adrenalina que nos movia até aqueles dias, é a frase batida, lugar comum que parece ser destino dos grandes momentos: "Não temos palavras".
As palavras representam pouco porque o que rolou foi a energia dos grandes sentimentos. Posso tentar dizer das alegrias, dos desgostos (sim, eles aconteceram!), mas o que posso dizer não vai retratar com fidelidade o que vimos e sobretudo sentimos estar acontecendo aqui.
O sentimento maior, o de gratidão, não se pode expressar em palavras, mas viver no cotidiano de distribuição de tudo que recebemos por estarmos à frente desse evento. Eu pessoalmente buscarei expressar a minha gratidão levando adiante, com compromisso e fidelidade, a mensagem da esperança restaurativa.
Eu fui muito feliz por estar na posição de quem recebeu os grandes abraços, as palavras de apoio e reconhecimento, e fiquei muito triste ao receber também as palavras de quem nada percebeu do que oferecíamos - os estudantes que ousaram nos pedir certificados só porque estavam inscritos ou compareceram a uma única palestra.
Fui muito feliz como testemunha das conexões que se estabeleciam, fiquei triste porque algumas não eram fiéis aos princípios da Justiça Restaurativa e apenas reproduziam o modelo que desejamos desconstruir - o modelo do "apoderamento" que vigora no lugar do modelo de "empoderamento" que a JR preconiza.
Para mim esse foi um momento de fim de ciclo. Desde que me envolvi, naqueles idos de 2003, com os princípios da Justiça Restaurativa, passei a ter esse tema em tudo o que fazia. Como desviante, via os princípios da JR poderem perpassar toda a nossa ação, e não deixava escapar oportunidade para pedir a palavra e falar disso. Já estava até ficando impertinente.
A oportunidade de ver junta uma verdadeira legião de pessoas falando a linguagem do meu desejo mais profundo, da consagração da missão que tomei para minha vida, é algo que não se pode descrever, e apenas registro para despertar a imaginação de quem está agora ouvindo falar disso.
Para mim, é hora de me por a caminho. Saio da cena para servir nos bastidores, para ir para as salas de atendimento, para as salas de estudo, para os espaços onde ainda não se ouviu falar disso, mas onde tanto se precisa.
E quero me colocar à disposição de quem está na busca do sentido maior do valor JUSTIÇA, para compartilhar as experiências de minha própria busca, e para reavivar em mim a chama da busca permanente pela resposta definitiva, aquela que justifica nossa existência, explica nossas escolhas, realiza o propósito da criação da vida humana.
Ao longo dos próximos dias estaremos postando relatos, fotos e arquivos de apresentações cujos autores assim disponibilizem, para oferecer a quem veio e a quem não pode vir, a oportunidade de saber mais sobre o que aqui se viveu.
Abraços
Márcia
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