ESPAÇO FAMÍLIA - Núcleo de JUSTIÇA RESTAURATIVA

Este espaço destina-se à difusão de conhecimentos sobre JUSTIÇA RESTAURATIVA, seus princípios e práticas.

12 maio 2006

A Educação Restaurativa

Esse primeiro dia de simpósio terminou com uma roda de diálogo em torno de um tema fundamental: A Educação Restaurativa. Numa mesa em que estavam o Professor e Filósofo Deodato Rivera, o Juiz e Professor André Gomma e a Professora Maria Elvira Tuppy, os vários aspectos da íntima conexão da Educação com a Justiça Restaurativa foram apresentados. E contando novamente com a hábil Coordenação de Mesa do Dr. Carlos Eduardo Vasconcelos.

Ao Dr. André Gomma coube iniciar o diálogo com uma apresentação acerca daquilo que se precisa para promover a formação das pessoas que vão desenvolver as práticas restaurativas quer no âmbito do judiciário, quer em outras instâncias onde elas venham a ser aplicadas. Ele tratou com muita propriedade daquilo que se poderia chamar de Formação para as Práticas Restaurativas e que deverá constituir-se do estudo de disciplinas que hoje não estão presentes em nossos currículos de formação profissional e que já são imperativas, visto a grande demanda por habilidades de abordagem de conflitos e enfrentamento da violência que, insidiosa, já está presente em quase todos os ambientes de grupos humanos.

O Professor Deodato Rivera, com sua verve criativa e inspiradora, falou da Educação Restaurativa como um processo que determina a própria "restauração da educação", transmutada nos tempos modernos, de busca da eficiência produtiva, em instrução ou adestramento para a produção de bens e serviços, e distanciada da formação para valores existenciais humanos. Ouvi-lo é confirmar a direção que a educação deve tomar para promover a mudança na cultura de valores de competição e retribuição para os valores da cooperação e restauração de relações saudáveis entre humanos.

A Professora Maria Elvira Tuppy, vinda de Araçatuba para nos falar de como educar para a Cultura de Paz e de restauração onde as relações humanas já estão comprometidas por crenças e valores distorcidos, criou aquele momento mágico de comoção e mergulho interior.
Com muitas imagens inspiradoras, falou, e provou com dados do trabalho que desenvolve nas escolas da região noroeste de São Paulo, que a Educação Restaurativa é a educação para a Paz e que é um longo caminho feito das experiências diárias de respeito a si mesmo, ao outro, ao ambiente que o abriga.
E demonstrou como isso é fundamental para que se consolide a mudança cultural proposta pela Justiça Restaurativa. Trouxe-nos o alento da certeza de que tudo que hoje inquieta e intimida a sociedade competitiva e aguerrida em que vivemos pode ser transformado quando as pessoas são educadas para os valores que respondam aos anseios de vida digna e realizada.