ESPAÇO FAMÍLIA - Núcleo de JUSTIÇA RESTAURATIVA

Este espaço destina-se à difusão de conhecimentos sobre JUSTIÇA RESTAURATIVA, seus princípios e práticas.

15 maio 2006

Terapia Comunitária e Círculo Restaurativo

Enquanto muitos assistiam à palestra sobre CNV, outro grande grupo participava de uma experiência nova, proporcionada pela equipe do Espaço Família.
Foi uma Oficina/Sessão de Terapia Comunitária, modelo de atendimento para escuta e alívio de sofrimentos cujas regras de funcionamento em muito se assemelham às do Círculo Restaurativo e foi apresentado para estimular o desenvolvimento de nossos modelos para esse tipo de procedimento.
A Terapia Comunitária é um procedimento desenvolvido pelo psiquiatra e antropólogo cearense Prof. Adalberto Barreto, que realiza em Fortaleza o Projeto 4 Varas (www.4varas.com.br), e o Espaço Família, em cuja equipe há vários profissionais com essa formação, é um Pólo Formador de Terapeutas Comunitários no Recife, no âmbito do convênio do MISMEC - Movimento Integrado de Saúde Mental Comunitária e a SENAD - Secretaria Nacional Anti-Drogas.
A percepção do quanto essa dinâmica de atendimento se presta aos atendimentos restaurativos como os Círculos Restaurativos foi o resultado concreto da inserção dessa oficina na programação do II Simpósio de Justiça Restaurativa, consagrando seu apelo pela interdisciplinaridade.
Segundo o relato de Kátia Saraiva, do Núcleo de Terapia Comunitária do Espaço Família e uma das facilitadoras da sessão, "a TC durante o Simpósio foi muito boa , ESPECIAL !"

"Eu e Socorro Neves fomos as facilitadoras, num encontr que contou com 25 participantes. Haviam 50 inscritos mas como o horário da manhã foi extrapolado um pouco, tivemos uma diminuição do público inscrito e esperado, já que não podíamos retardar muito o início da TC porque a sala seria utilizada logo a seguir por uma outra oficina.

Os 25 participantes ( 21 mulheres e 4 homens ) compartilharam , dinamicamente, durante as quase 2 horas de TC, a começar pelo acolhimento quando Socorro fez. Todos tiveram oportunidade, neste momento, de rir, de brincar e de cantar, uma descontração muito necessária para o 1o. entrosamento e para a confiança no grupo.

Após toda a descrição do que é TC e definição de suas regras, abrimos o espaço para que temas fossem apresentados, sempre colocando que "quando a boca fala o corpo sara". De imediato as mãos foram se levantando e rapidamente 5 assuntos nos foram confiados, todos girando em termos de perdas em geral.

O tema escolhido (o sofrimento e o vazio sentido por G. por perder seu marido há um mês, doente de cancer e a perda de um filho, assassinado, há um ano) recebeu 16 votos, mostrando que a maioria dos participantes se identificou com a questão, havendo muito interesse para o desenrolar da TC.

Quando o mote foi apresentado (Quem já passou por uma grande perda , e como fez para superar?) de imediato várias mãos indicaram que estavam disponiveis para ajudar G. trazendo para ela o testemunho de suas várias estratégias de superação.
Para fechar esta etapa, lemos para G. o resumo das estratégias de superação apresentadas pelos participantes da TC e ela agradeceu a oportunidade de falar, de desabafar. Agradeceu tambem a escuta de cada um e a contribuição de todos falando também de suas dores para ajudá-la. Ela declarou que estava se sentido melhor depois da TC.

No final abrimos uma grande roda de partilha e quando Socorro lançou a pergunta "o que estamos levando desta TC ?". De imediato surgiram palavras como: amor, fraternidade, confiança, aprendizado, fé, partilha, união, conhecimento,... etc. e depoimentos assim: como meu problema é pequeno; O sofrimento de G. me fortaleceu; Como foi bom participar desta TC; Esta TC também me ajudou porque falei de mim... etc.

Feita a etapa de fechamento, sugerí abraçarmos uns aos outros. Foi muito bom!